Assinalamos hoje o Yom HaShoah - Dia em Memória dos Heróis e Mártires do Holocausto. Relembramos os seis milhões de vítimas judias - um terço do nosso povo - assassinadas pelo regime nazi nos campos de extermínio e de concentração, incluindo um milhão e meio de crianças. Acompanhamos os sobreviventes, cujo número diminui em cada ano que passa. Ao mesmo tempo saudamos os "Justos entre as Nações", que arriscaram as próprias vidas para salvar tantos seres humanos.
Em Novembro 2016, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Augusto Santos Silva, durante a sua visita oficial a Israel, escreveu no Livro do Yad Vashem: “Gostaria de expressar o meu profundo reconhecimento a todos os homens, mulheres e crianças judeus, vítimas do Holocausto. Agora o nosso papel é agir em conjunto para impedir a repetição desse horror”.
A Polónia é o país de origem da minha família, tendo a sua maior parte morrido na Shoah. Entre os sobreviventes estavam os meus pais e o primo da minha mãe, que passou aqueles anos terríveis enquanto criança. Só após 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial, ele começou a contar às novas gerações da família a sua história dentro desse inferno, tendo escrito um livro intitulado: "As minhas Memórias de Cracóvia - Um Combate a Viver". Gostaria de ler o texto da contra-capa desse livro, que na minha opinião reflecte muito bem o tema do Dia da Memória este ano: “Restaurando as suas identidades – a história de um indivíduo no Holocausto”.
«Este livro materializa a memória de uma criança que foi arrastada pelo turbilhão do Holocausto. É uma história épica da luta de um menino, chamado Leosz, para sobreviver à guerra. Dos seus 7 anos aos 13, ele suporta todos os pavores que o Holocausto trouxe aos judeus. A vida joga-se numa fracção de segundo, as decisões tomam-se em circunstâncias impossivelmente cruéis, com um incrível desembaraço, sorte e ajuda de outros, até mesmo alemães.
No gueto de Cracóvia, Leosz é salvo de três deportações em massa para os campos da morte. Ele foge do gueto e sobrevive várias semanas fingindo ser uma criança polaca de rua. Depois esconde-se. Apesar de condenado à morte após ter sido apanhado, junta-se milagrosamente à sua família no campo de trabalho forçado de Plaszow. Um ano mais tarde, ele e o seu pai tornam-se trabalhadores-escravos no campo de extermínio Gozen 2 na Áustria, onde o pai acaba por falecer. Ele próprio próximo da morte, vê-se finalmente libertado pelo exército americano a 5 de Maio de 1945.»
Tzipora Rimon,
Embaixadora de Israel
23 de Abril de 2017