Implicações do Acordo de Genebra com o Irão

Implicações do Acordo de Genebra com o Irão

  •   Acordo de Genebra entre os 5+1 e o Irão sobre o programa nuclear
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    Benjamin Netanyahu Benjamin Netanyahu : Haim Zach, GPO
    copyright: Haim Zach, GPO
     
  • Quais as implicações deste acordo?

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    • Reconhecimento internacional sem precedentes do programa de enriquecimento do Irão - Sob o acordo de Genebra o Irão vai manter as suas vastas capacidades de enriquecimento durante tanto durante o "primeiro passo", no qual as partes se comprometem a respeitar as respectivas medidas específicas, como na "etapa final", destinada a obter uma solução global para a questão nuclear. Isto significa basicamente que, pela primeira vez desde o início das negociações, em 2003, a comunidade internacional reconhece o programa de enriquecimento do Irão e concorda que não será reversível - ao contrário de uma política de longa data de suspensão total, consagrada em várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

     

    •  Aceitação internacional do reactor de águas pesadas em Arak, que produz plutónio para efeitos militares - Os elementos da solução global mencionados no acordo de Genebra não referem qualquer compromisso sobre o desmantelamento do reactor de águas pesadas de Arak. O acordo aborda a necessidade de resoluções sobre o reactor, o que implica, portanto, que o Irão não vai ser obrigado a destruir a central que é exclusivamente utilizada na produção de plutónio para uso militar.

     

    •  Contínua investigação e desenvolvimento para melhoria tecnológica das centrifugadoras - O presente acordo permite que o Irão continue a sua investigação e desenvolvimento de centrifugadoras de tecnologia avançada. Isto significa que o Irão será capaz de desenvolver e reforçar a sua capacidade de enriquecimento de urânio, sob o pretexto deste acordo, e estará numa posição tecnologicamente ainda mais avançada quando decidir que é hora de aumentar ainda mais o enriquecimento. Portanto, este acordo permite que o Irão se aproxime realmente de obter capacidade nuclear militar.

     

    • Desde que enriquecido a um nível inferior a 5% o Irão poderá manter o seu stock actual de urânio - É permitido que o Irão preserve o seu stock actual de cerca de 7 toneladas de urânio enriquecido a um nível inferior a 5%. Embora o acordo obrigue a que durante o "primeiro passo" o Irão tenha de transformar qualquer LEU adicional produzido em Natanz e Fordow em óxido, essa conversão depende da disponibilidade da linha de conversão relevante no Irão. Dado o costume Iraniano de arrastar os assuntos para ganhar tempo, não será uma surpresa se ​​o Irão continuar a acumular o material logo após o início da implementação do "primeiro passo" e mesmo depois disso. 
       
       
    •  O Irão será capaz de reverter facilmente as medidas tomadas no âmbito do acordo e avançar nos seus intentos, logo que seja politicamente conveniente - O Irão não é obrigado a reverter ou destruir nada. A sua infra-estrutura nuclear permanecerá intacta, permitindo-lhe retomar as operações quando assim decidir.

     

    • As dimensões militares do programa do Irão foram colocadas num plano menor - O acordo de Genebra não contém qualquer exigência clara ao Irão para que forneça respostas, garanta acesso e preste informação no que respeita às dimensões militares do seu programa nuclear. O coração da crise nuclear concentra-se nas questões que implicam que o Irão se tenha envolvido no desenvolvimento de armas nucleares. Ironicamente, essas questões estão completamente ausentes de um acordo que pretende o restabelecimento da confiança na natureza pacífica do programa nuclear do Irão como um dos seus principais objetivos. 

     

    •  O acordo põe em causa o regime de sanções e fornece ao Irão um alívio crucial na pressão económica - As concessões internacionais em matéria de sanções minam o regime de sanções e coibem o impulso para efectuar uma pressão adicional sobre o Irão. É fundamental lembrar que foi a essa pressão o que fez com que o Irão voltasse para a mesa das negociações, em primeiro lugar, pelo que, reduzir as sanções, sem quaisquer concessões reais por parte do Irão é extremamente contraproducente: é agora menos provável que o Irão concorde com quaisquer restrições significativas sobre o seu programa nuclear.

     

    •   O acordo assinala que é agora legítimo fazer negócios com o Irão - os actores do sector privado podem interpretar o acordo como um sinal de que o Irão iniciou um caminho que vai trazê-lo de volta do isolamento internacional. Isto pode resultar em novos esforços para retomar ou desenvolver negócios no Irão.

     

    •  O acordo "interino" pode tornar-se permanente - Na ausência de um sentido de urgência sob a fachada de um acordo, a medida provisória pode tornar-se permanente e definir os parâmetros do programa nuclear do Irão para os próximos anos. Dadas as observações feitas acima, isso significa que o Irão vai praticamente ser escoltado pela comunidade internacional até uma posição limite na obtenção da arma nuclear.

     

       
     
     

     

  • Comunicado do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu

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    "O que foi alcançado na noite passada, em Genebra, não é um acordo histórico, é um erro histórico. Hoje, o mundo tornou-se num lugar muito mais perigoso, porque o regime mais perigoso do mundo deu um passo importante no sentido de obter a arma mais perigosa do mundo. Pela primeira vez, as potências líderes mundiais concordaram com o enriquecimento de urânio no Irão, ignorando as decisões do Conselho de Segurança da ONU que eles mesmos aprovaram. Sanções que exigiam muitos anos para serem postas em prática e que são a melhor hipótese para uma solução pacífica. Desistiu-se destas sanções em troca de concessões cosméticas da parte iraniana que podem ser anuladas numa questão de semanas. Este acordo e o que o mesmo significa coloca em perigo muitos países, incluindo, claro, Israel. Israel não está obrigado a respeitar este acordo. O regime iraniano está empenhado na destruição de Israel e Israel tem o direito e a obrigação de se defender, por si só, contra qualquer ameaça. Como Primeiro-Ministro de Israel gostaria de deixar bem claro: Israel não permitirá que o Irão desenvolva capacidade nuclear militar."