Um estudo conjunto realizado pela Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) e as Universidades de Tel Aviv e Bar-Ilan descobriu um corante usado para tingir tecidos da época de David e de Salomão, na região de Timna (deserto do Negev, Sul de Israel). A descoberta fornece a primeira evidência de um corante à base de plantas em Israel. Segundo os investigadores é possível que os metalúrgicos locais tenham sido autorizados a usar roupas coloridas como sinal de status.
Evidências da utilização de corantes vegetais desde a época do Rei Salomão foram descobertas. A pesquisa foi publicada em junho na revista PLoS ONE e dirigida pela Dr. Naama Sukenik, da AAI, e pelo Dr. Erez Ben-Yosef, da Universidade de Tel Aviv, em colaboração com equipas de investigação das universidades de Tel Aviv e Bar Ilan e da AAI.
As escavações, realizadas a partir de 2013 no vale do Timna e dirigidas por Ben-Yosef, da Universidade de Tel Aviv, recuperaram dezenas de fragmentos têxteis de 3.000 anos de idade, preservados graças às condições climáticas extremamente áridas na região. Os tecidos datam do início da Idade do Ferro (séculos XII - X AC), o tempo dos reis bíblicos David e Salomão, e alguns estão decorados com um desenho de faixas vermelhas e azuis.
Estes são os primeiros exemplos de corantes à base de plantas no país e em toda a região do Levante (Leste do Mediterrâneo). Os tingimentos foram identificados nos laboratórios da Universidade Bar-Ilan utilizando equipamento analítico avançado HPLC.
Na análise, os dados indicaram o uso de duas plantas principais: Rubia (“Madder”), cujas raízes proporcionaram uma tintura vermelha, e indigotina - provavelmente produzida a partir da Isatis tinctoria (“woad”) – que era usada como um tintura azul em um processo longo e complexo. envolvendo redução e oxidação. que durava muitos dias.
Ambas as plantas estão entre os corantes de plantas mais conhecidos do mundo antigo. Uma vez cultivados especificamente para tingimentos em Eretz Israel (Terra de Israel), seu uso continuou até a descoberta de cores sintéticas. Os têxteis de Timna foram coloridos com corante verdadeiro, caracterizado por um vínculo químico entre corante e fibra, atestando conhecimento e habilidade profissional na arte do tingimento durante este período.
Os tecidos coloridos de lã foram uma surpresa para os pesquisadores, já que, durante a Idade do Ferro, Timna foi principalmente um importante local de fundição e mineração para produção de cobre. De acordo com o Dr. Erez Ben-Yosef, da Universidade de Tel Aviv e a Drs. Naama Sukenik, da Autoridade de Antiguidades de Israel, "As descobertas indicam que a sociedade em Timna, identificada com o Reino de Edom, era hierárquica e incluía uma classe alta que tinha acesso a tecidos coloridos e de prestígio". O contexto em que os fragmentos têxteis foram encontrados sugere que os metalúrgicos responsáveis pelo funcionamento dos fornos de fundição eram membros dessa classe.
A tarefa de transformar pedra em cobre exigia habilidade considerável. Era um dos ofícios mais especializados do mundo antigo e os metalúrgicos aparentemente desfrutavam de um alto status social e usavam roupas distintas e coloridas. Nesse sentido, as descobertas são uma inovação real, uma vez que contradizem a suposição de pesquisas anteriores de que os fornos no coração do deserto eram operados por escravos.
A descoberta rara de tecidos tingidos há 3.000 anos fornece uma oportunidade excepcional para abordar questões de pesquisa intrigantes, incluindo: A "moda" da elite na Idade do Ferro, a estratificação social e organização do início de Edom, o status económico da população local, conexões comerciais, capacidades tecnológicas e etc. Esses têxteis raros estão a ser mantidos sob rigoroso controlo climático nas instalações de armazenamento de materiais orgânicos da Autoridade de Antiguidades de Israel.