Entrevista Embaixador Raphael Gamzou - Jornal SOL

Entrevista Embaixador Raphael Gamzou

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    ​O representante do Estado de Israel assegura que a Faixa de Gaza podia ser a nova Hong Kong ou Singapura, mas que os ‘fascistas do Hamas e da Jihad Islâmica’ não o permitem.
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    Embaixador de Israel Raphael Gamzou Embaixador de Israel Raphael Gamzou : Mafalda Gomes - SOL
     
     
    ​"Se continuarem a ensinar às gerações mais novas que somos um fenómeno europeu colonial e que o povo judeu nada tem a ver com a terra. A ensiná-las que têm de nos combater, de matar israelitas e que ser shahid [bombista suicida] é glorioso, que algum do dinheiro que os contribuintes europeus enviam para a Autoridade Palestiniana não vai para o seu desenvolvimento mas para famílias dos shahid - terroristas glorificados, que têm ruas com os seus nomes - enquanto tudo isto existir, não há grandes hipóteses de uma paz verdadeira."
     
  • Israel afirma-se frequentemente como a única democracia do Médio Oriente. No entanto, os seus críticos acusam-na de não o ser para os seus cidadãos palestinianos. Os árabes-israelitas são cidadãos de segunda em Israel?

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    ​Definitivamente não. As minorias em Israel, a maioria delas são árabes muçulmanos, também há árabes cristãos, drusos. Desde o momento zero, em 1948, quando David Ben-Gurion declarou a independência, nas vésperas do fim do mandato britânico, na declaração da independência é mencionado que o novo Estado de Israel seria a expressão da nacionalidade do povo judaico e o ponto de encontro de judeus no exílio, mas ao mesmo tempo garantia plenos direitos religiosos e culturais a habitantes não-judaicos. E, de facto, se verificar a realidade, encontrará muitos muçulmanos, árabes, drusos, etc, em todas as camadas sociais do público israelita. No Governo, no exército, no setor privado. Não sei se já visitou Israel, mas caso visite verá que há árabes no Supremo Tribunal, no Parlamento, como militares e polícias, até generais. Também os verá na academia, professores árabes. Momentos antes do senhor chegar estava a ouvir as notícias na rádio pública, que acabaram com uma lembrança aos cidadãos árabes israelitas que o jejum do Ramadão acabará à hora x. Só para dar um exemplo concreto do quotidiano. Os cidadãos árabes israelitas definitivamente não são de segunda. Se me perguntar sobre a situação de árabes que são etnicamente palestinianos, enquanto estamos em conflito com os palestinianos, e se torna a situação fácil, a resposta é não. Mas para lhe dar um exemplo de como os árabes israelitas são plenos cidadãos, o meu vice-embaixador, aqui, na embaixada de Lisboa, não é judeu, é druso, etnicamente é árabe. E está plenamente integrado.

     

  • Várias ONG’s e a imprensa israelita afirmam que os árabes israelitas são sistematicamente alvo de supressão política, confiscação de terras, vigilância discriminatória, têm uma taxa de desemprego muito mais alta que os cidadãos judeus... Para lá dos casos

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    ​Eu não disse que não há dificuldades. Mas quando fala de desemprego, os dois setores onde há mais desemprego é no setor árabe, por um lado, e, por outro, entre os judeus ultraortodoxos. Como pode ver, é claro que há problemas por resolver, e que estão a ser resolvidos pelo nosso Governo. Mas se só se olha para o setor árabe israelita e se diz que têm a maior taxa de desemprego, ao mesmo tempo que não se menciona o setor judeu ultraortodoxo, que está na mesma situação, correlaciona-se as coisas de uma maneira distorcida. É claro que há problemas. Mas também há cada vez mais sucesso, mais integração.

     

  • Mas a nova Lei da Nacionalidade, especificamente, afirma o Estado israelita como um Estado para o povo judaico. Isto por si mesmo não é excludente para os árabes israelitas?

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    ​Sei que alguns setores da sociedade israelita ficaram ofendidos porque sentiram que algum do vocabulário não era suficientemente inclusivo. Mas, no quotidiano, a nova Lei da Nacionalidade não muda um milímetro a realidade das nossas minorias. Não vou negar que o vocabulário da lei é controverso dentro da sociedade israelita. Por exemplo os drusos fizeram demonstrações contra isso em Telavive, e houve judeus israelitas a protestarem junto deles, num ato de solidariedade.