Este artigo extremamente crítico em relação aos media Árabes podia perfeitamente aplicar-se a alguns dos media em Portugal. A dualidade de critérios está, aliás, muito patente nos próprios títulos dos artigos e nas imagens que são escolhidas para ilustrar o conflito: a miséria e o desespero Palestinianos e, muito raramente, o sofrimento de milhões de Israelitas bombardeados todos os dias.
Qual é a razão desta abordagem tendenciosa por jornais como o Público na sua descrição do conflito entre Israel e uma organização terrorista? Sim, relembro os leitores que a União Europeia incluiu o Hamas na lista de organizações terroristas, em 2003.
Será por total ignorância ou desconhecimento do que se passa no Médio Oriente?
Será uma cegueira patologicamente inexplicável só em relação a Israel?
Será causada por interesses que nada têm a ver com valores morais e de justiça?
Será pura ingenuidade fazendo com que retratem Israel como o lado forte e ao outro lado como o fraco e em relação ao qual tem de sentir-se compaixão automaticamente e sem questionar?
Qualquer pessoa minimamente informada sabe que Israel retirou totalmente de Gaza em 2005 na esperança de poder viver em tranquilidade. Quando o Hamas tomou este território à Autoridade Palestiniana em 2007 - pela força - tornou a vida dos habitantes de Gaza um inferno e a dos Israelitas do sul de Israel um pesadelo diário.
Será que todos os que nos apregoam moralidade dia e noite estariam dispostos a aceitar passivamente que Lisboa fosse sujeita a bombardeamentos contínuos? É tão fácil julgar Israel quando não se está na mesma situação e não se possui (felizmente) referências para se colocar no nosso lugar. O Hamas nunca escondeu a sua intenção de destruir Israel e de eliminar o próprio Governo de Abu Mazen na Cisjordânia.
Por seu lado, Abu Mazen recusa, há quatro anos, voltar à mesa de negociações com Israel abordando a Assembleia-Geral da ONU para que reconheça automaticamente a Palestina como membro-observador da organização. Os países Árabes, Muçulmanos e Não-Alinhados, cuja grande maioria não é democrática, apoiarão esse pedido. É óbvio que não terão qualquer dificuldade em conseguir maioria mesmo para uma resolução que diga que a Terra é quadrada porque Israel diz que é redonda.
Abu Mazen prefere uma resolução vaga, fundada numa maioria automática, do que negociações directas e abertas com Israel mesmo sabendo que apenas através destas conseguiremos encontrar soluções para os nossos problemas.
Esperamos que o bloco composto pelas sociedades democráticas ocidentais não apoie este passo unilateral que vai distanciar-nos ainda mais de uma solução e fortalecer os elementos extremistas no mundo muçulmano como o Irão, a Síria e o Hamas. Temos muitas dúvidas de que os mesmos países que pretendem apoiar Abu Mazen nas Nações Unidas vão defendê-lo quando o Hamas tomar a Cisjordânia pela força, como fez em Gaza.
Já agora, tive de interromper a minha escrita deste artigo para telefonar ao meu filho e saber se está bem e vivo porque um míssil acabou de cair em Rishon Le-Zion, a 100 metros de onde ele trabalha. Pergunto-me quantos de vós tiveram de fazer o mesmo hoje.