Visitar Israel era um sonho antigo, que foi crescendo na sua importância com o passar dos últimos anos, potenciado pelas excelentes relações com amigos israelitas e com o aprofundar académico do tema. Durante meses fui constantemente encorajado a visitar este país, estranho para muitos, com a promessa que “Israel é um sonho escondido no médio oriente, ofuscado pela constante má-imprensa”; nunca tive dúvidas disso, mas decidimos, em algumas horas, planear a tão sonhada viagem.
Passagem aérea comprada, com voo via Bruxelas, carro alugado, hotel reservado, passaportes renovados. Desde a excelente experiência com a Loja do Passaporte do SEF no aeroporto de Lisboa, à simpatia dos esclarecimentos prestados pela Embaixada de Israel em Portugal e pela nossa embaixada em Tel-Aviv, fiquei certo de que a viagem seria mais um sucesso.
Depois do embarque final já em Bruxelas, confesso algum nervosismo à chegada ao fabuloso aeroporto internacional de Ben Gurion, em Tel-Aviv. Afinal, os comentários sobre as longas filas de espera motivadas pelas enormes medidas de segurança estão bem presentes. Na verdade, e mesmo com essas tais longas filas, entramos em Israel em 10 minutos. O primeiro impacto daquilo que viria a ser uma experiência de vida, é com o aeroporto em si: moderno, altamente organizado, eficiente e lindíssimo. A viagem de táxi para o hotel, em Tel-Aviv, foi numa madrugada agradável, quente, admirando a vida noturna daquela cidade magnífica: a minha Nova Iorque do médio oriente.
Tel-Aviv acorda cedo. O pequeno-almoço, mesmo em cima da marina, foi revigorante e o primeiro contacto com algumas iguarias culinárias locais. Não seriam 7 da manhã e havia já centenas de pessoas a praticar natação, a caminhar, correr, ou simplesmente a andar de bicicleta. Efectivamente, e mesmo durante todo o dia, a prática de exercício era uma constante em todo o lado, de jovens a idosos. O passeio marítimo que ligava o meu hotel à cidade antiga de Jaffa e ao seu porto de pesca, distava 5 km. Era um passeio lindíssimo, onde me cruzava com inúmeras famílias, pessoas a passear os seus animais, até uma mãe tranquila a amamentar o seu bebé sentada em frente ao delicioso e quente (sim, tomei banho em Dezembro!) Mar Mediterrâneo.
Conhecemos Tel-Aviv sempre a caminhar, com mapa na mão; graças a esse mapa percebemos a hospitalidade: frequentemente abordados por pessoas que nos perguntavam se estávamos bem, se precisávamos de ajuda na orientação. Surpreendeu-me também a quantidade de pessoas que nos falaram em Português se bem que, para além do hebraico, do árabe e do inglês, não imaginava o russo como uma língua comum. Visitamos vários museus, mesquitas, sinagogas e mercados. Do Museu de Arte de Tel-Aviv ao Mercado de Hacarmel deixei-me fascinar pelas diferenças multiculturais, pelas cores dos vegetais, das frutas, dos doces. Tudo estava fresco e apetitoso! Descobri que a cerveja de Israel é deliciosa e os morangos são para comer o dia inteiro!
Pelas ruas de Tel-Aviv há animação cultural constante, há zonas tradicionais com mercados de rua com artesanato, vendem-se os petiscos tradicionais como o delicioso “hummus” (grão-de-bico) entre muitos outros. Tel-Aviv é uma cidade de famílias que se passeiam à beira-mar, de amigos que ali se sentam e conversam, de jovens militares que confraternizam nas horas livres impecavelmente fardados, de crianças que brincam nas praias e nos jardins. Isso contraria em absoluto a ideia (errada) da insegurança que por vezes tentam transmitir: Tel-Aviv é das cidades mais seguras onde já estive. Isso sente-se, vive-se! A presença policial é discreta mas sente-se eficiência. A entrada nos centros comerciais tem controlos de segurança mas não são de todo desconfortáveis, pelo contrário. É difícil perceber a tranquilidade e alegria com que vivem, em contraste com as ameaças constantes dos ataques (o último a 26 de Dezembro – durante a minha estadia). Quando lia no jornal a notícia sobre o ataque de 26 de Dezembro, olhei à minha volta e fiquei a admirar todas aquelas pessoas e famílias à minha volta, e dei por mim com uma sensação de orgulho enorme naquela atitude. Atendendo a todas estas circunstâncias, o povo israelita e todos os que lá vivem, são admiráveis!
Já com um carro alugado, rumamos a norte e visitamos a cidade árabe de Nazaré e seguimos posteriormente para o Mar da Galileia, visitando a lindíssima cidade de Tiberíades. Em todo o percurso, por estradas muito boas, admiramos a forma como quase tudo está cultivado. No dia seguinte conduzimos para Jerusalém, onde encontramos outra realidade.
Jerusalém, capital de Israel, é uma cidade com mais de 700 mil habitantes, local santo para cristãos, muçulmanos e judeus. Os mercados abundam pelas ruas estreitas e labirínticas, onde se vende quase tudo. Rendi-me às especiarias e ao café. Aqui sentimo-nos verdadeiros turistas: abordados com “mil” propostas de taxistas, preços regateados, e milhares de nacionalidades ali misturadas. Uma vez mais a segurança: total! A história que Jerusalém contém, merece 2 a 3 dias de dedicação à cidade; tempo que não tivemos, tendo ficado a promessa de regresso.
Não podíamos deixar de visitar um Kibbutz, uma colectividade comunitária israelita, ainda virada para a agricultura. O Kibbutz de Revadim criado em 1947, foi totalmente destruído um ano depois pela Legião Árabe e, nesse mesmo ano, implementado novamente pelos sobreviventes e outros emigrantes. Durante o almoço para que fomos convidados, provamos imensas iguarias culinárias, e pudemos observar como esta comunidade cresceu ao longo dos tempos, baseado na agricultura, na pequena indústria e no turismo. Uma experiência obrigatória!
Os dias em Israel passaram de forma indesejavelmente célere. A noite chegava também cedo. Penso que o dobro do tempo não nos teria sido suficiente! Há tanto para ver e apreciar! Israel não só cumpriu as nossas expectativas como as superou, tendo ficado a promessa de regresso. Os amigos que lá nos receberam ajudaram a tornar ainda mais acolhedora a sensação de hospitalidade que já sentíramos de “estranhos”. A eles agradecemos os momentos, os esclarecimentos, as ajudas no complicado hebraico e as boas sugestões gastronómicas. Israel é um país para fazer praia, para relaxar, para fazer turismo religioso, para apreciar a cultura e a gastronomia e as belíssimas paisagens. Realmente, como em tudo, em qualquer lugar do mundo, os amigos fazem a diferença.
Obrigado pela forma como nos receberam! Até breve!