Cerimonia Evocacao do Dia Memoria do Holocausto AR

Discurso da Embaixadora Tzipora Rimon

  •   Cerimónia de Evocação do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto
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    Cerimónia de Evocação do Dia de Memória do Holocausto
     
    Assembleia da República
    26 de Janeiro de 2017
     
    Senhor Presidente da Assembleia da República
    Senhor Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal/Israel e demais Senhoras e Senhores Deputados
    Membros do Corpo Diplomático
    Senhor Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa
    Senhora Presidente da Memoshoah
    Entidades oficiais convidadas
    Minhas Senhoras e meus Senhores,
     
    Juntamo-nos, como em anos anteriores, na Assembleia da República para assinalar o Dia Internacional de Memória e do Ensino do Holocausto, baseado na Resolução da ONU de 2005.
    A Resolução rejeita a negação do Holocausto e condena a discriminação e a violência fundamentadas na religião ou na etnicidade.
    O significado da Resolução da ONU é que o impacto da Shoah não se reduza nem esmoreça com o passar dos anos, porque o mundo ainda está à procura do caminho que assegure que um genocídio nunca mais voltará a ocorrer.
    O Dia Internacional de Memória do Holocausto é um tempo de reflexão, no qual relembramos as vítimas e os sobreviventes do Holocausto, bem como os "Justos entre as Nações", incluindo quatro portugueses, que salvaram as vidas de milhares de pessoas.
    Contemplamos também com receio o que poderá acontecer quando o racismo, o preconceito e o ódio deixarem de ser vigiados.
    O Holocausto, como evento histórico da modernidade, serve de aviso sobre os perigos que a própria sociedade moderna pode produzir.
    A memória da Shoah impõe-nos o dever de estarmos moralmente mais despertos do que no passado, pela consciência e conhecimento que temos da potencial existência de um "mal radical" em cada uma das sociedades humanas.
    Este ano, o tema das comemorações do Dia Internacional é: “Memória do Holocausto: Educar para um futuro melhor”.
    O ensino da Shoah do povo Judeu é um exemplo de como fazer frente aos perigos do racismo e do antissemitismo. A educação tem uma dimensão universal e pode servir como plataforma apropriada para construir um respeito mais profundo pelos direitos humanos e uma crescente tolerância.
    O Holocausto foi um ponto de viragem na história da humanidade. Hoje, mais do que nunca, e perante os perigos de extremismo em muitos lugares do mundo, precisamos preservar a memória do Holocausto e fazer todos os esforços no sentido de aprender com as suas lições.  Se não relembrarmos  iremos de certeza esquecer e as gerações futuras nunca saberão. Neste contexto, gostaria de reiterar a necessidade de em todos os países, incluindo Portugal, reforçar os programas e projectos educativos ligados ao Holocausto nas escolas.
    Em Julho do ano passado, faleceu o Prof. Elie Wiesel, um sobrevivente do Holocasto e Prémio Nobel da Paz. Queria partilhar convosco as palavras de homenagem proferidas pelo Senhor Avner Shalev, Presidente do ‘Yad Vashem’ - Memorial ao Holocausto, em Jerusalém: "Como sobrevivente do Holocausto, Wiesel dedicou-se a dar testemunhos sobre os temores que ia experimentando, e fez isso através do seu talento de escritor e orador pródigo. Ele acreditou sempre que o mundo deve relembrar e ensinar a Shoah, enquanto evento especial do povo judeu que transporta uma mensagem universal à humanidade" - fim de citação.
    Ainda vivemos sob a sombra do Holocausto, uma sombra que não se dissipa e que jamais se dissipará.
    Tzipora Rimon,
    Embaixadora de Israel em Portugal