A Declaração Balfour

Guerra dos palestinianos contra Declaração Balfour

  •   (Publicado pelo The Algemeiner a 23 de outubro de 2016)
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    The Balfour Declaration The Balfour Declaration
     
     

    ​Por Ruthie Blum*

     

    Encorajada e fortalecida pela recente resolução da UNESCO que rejeita a ligação judaica com o Monte do Templo e com o Muro das Lamentações, a Autoridade Palestina (AP) congratula-se sobre os seus planos de realizar uma série de eventos globais durante o próximo ano para desacreditar o estabelecimento do Estado de Israel.
    O propósito da campanha, descrita pela Qudsnet News Agency como massiça, é “fazer a comunidade internacional, especialmente a Grã-Bretanha, confrontar suas responsabilidades históricas e apelar a eles que expiem seus pecados por esse enorme crime cometido, além de trazer à tona a questão da histórica injustiça infligida ao povo palestino”.
    O “enorme crime” em questão é a Declaração Balfour, documento de 2 de novembro de 1917 enviado pelo secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros ao líder da comunidade judaica, Walter Rothschild, para ser entregue à Federação Sionista da Grã-Bretanha e da Irlanda.
    “O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país”, diz a declaração.
    Mesmo que isso tenha acontecido muito antes do termo “palestinos” – ou pessoas se classificando de “palestinos” – existir, distorcer a História é parte do pacote e dos esforços da AP para deslegitimar Israel de qualquer maneira possível. A votação da UNESCO é apenas um pequeno exemplo dessa prática, que tem ganhado força com a ajuda de esquerdistas ocidentais.
    Outra é a incessante cacofonia sobre assentamentos israelenses como constituindo um “obstáculo à paz”.
    Ironicamente, o próprio fato de que todas as facções da AP não se importam em considerar o Estado Judeu como uma catástrofe digna de luto anual – e merecedora da matança de judeus inocentes – não serve para dissuadir os proponentes de uma solução de dois Estados de sua alegação de que novos apartamentos na Cisjordânia são desnecessariamente provocativos.
    Pelo contrário. Embora Abbas tenha dito claramente que nenhum judeu seria bem-vindo, sob nenhuma circunstância, num território controlado pela Autoridade Palestina, quando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, chamou atenção para esse flagrante antissemitismo, foi ele o repreendido sem piedade por todos, especialmente pela Casa Branca e pelo Departamento de Estado (americano).
    Saeb Erekat, o líder negociador de “paz” dos palestinos, aproveitou a oportunidade, como ele sempre faz, para usar a crítica dos Estados Unidos a Israel como uma maneira de provar que o Estado Judeu nasceu e vive em pecado.
    Num editorial no Washington Post na terça-feira (18 de outubro), Erekat fez isso no contecto da Declaração Balfour, que ele chamou de “começo simbólico da negação de nossos direitos”. Criticando o mundo por não tomar medidas significativas para acabar com paródia da existência de Israel, ele vomitou as mentiras habituais sobre como o Estado judaico foi criado.
    “O povo palestino foi violentamente expropriado de suas casas e exilado de sua terra natal em 1948 e suportou a ocupação em 1967 apenas para ser forçado ao compromisso histórico que reconhece as fronteiras de 1967 como as fronteiras do Estado de Palestina”, ele escreveu, omitindo convenientemente a verdadeira história da Guerra de Independência de Israel e da Guerra dos Seis Dias, 19 anos depois – o ataque de exércitos árabes vizinhos contra um pequeno e incipiente país que passou muito de seu tempo tentando chegar a um acordo com aqueles voltados à sua aniquilação.
    O artigo de Erekat seguiu o anúncio de Abbas, em julho, de que a AP iria mover uma ação judicial contra a Grã-Bretanha por causa da Declaração Balfour. Isso foi transmitido pelo ministro palestino dos Negócios Estrangeiros, Riyad al-Maliki, à cúpula da Liga Árabe na Mauritânia, à qual Abbas não pôde comparecer devido à morte de seu irmão.
    Apesar do facto de que Omar Abbas foi tratado de cancro num hospital em Tel Aviv – juntamente com membros das famílias de muitos líderes da Fatah e do Hamas –, o líder do Hamas estaria indo adiante com seu litígio contra a GB por causa do documento de 100 anos “após o qual centenas de milhares de judeus chegaram da Europa e de outros locais à Palestina às custas de nosso povo”.
    Com uma admissão tão flagrante quanto à sua posição real sobre o Estado judeu – indo tão longe a ponto de travar uma guerra contra a Declaração Balfour – a AP deveria ser tratada com o desdém e o escárnio que merece.

    * Ruthie Blum é a editora administrativa do The Algemeiner.