​No domingo, 25 de Novembro, celebrou-se o aniversário da restauração do cemitério judaico de Faro. Neste dia foi feita também uma homenagem aos irmãos Samuel e Joel Sequerra.

O Embaixador esteve presente nesta visita ao passado Judaico de Faro, que também está presente no primeiro livro impresso em Portugal:

"O Pentateuco (Torah), foi impresso pela técnica Gutenberg em 1487, por Samuel Gacon, em hebraico! Sim o primeiro livro em Portugal foi escrito na minha língua materna, o hebraico!

Visitámos locais que pertenceram às duas proeminentes famílias, Sequerra e Amram, que foram das primeiras famílias judias que retornaram a Portugal, em meados do séc. XiX, depois de séculos de Inquisição por parte da Igreja Católica que manteve os Judeus fora deste país.

A visita ao cemitério Judaico de Faro foi muito comovente. Estive presente na cerimónia com o Presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, com o Presidente da Comunidade Judaica de Lisboa, Gabriel Steinhardt e com o Presidente honorário, Samuel Levy.

Na mesma altura foi desterrada uma placa de homenagem aos heróicos irmãos Samuel e Joel Sequerra. Samuel e Joel Sequerra foram dois gémeos judeus, nascidos em Faro em 1913, que salvaram cerca de 1000 refugiados do Holocausto Nazi. Um morreu no Brasil, outro em Israel, onde ainda vivem os seus filhos e netos.»

Os irmãos Sequerra eram filhos de Moisés Sequerra, um industrial da área das pescas. Foi nos anos 40 do século XX que, com o apoio da Cruz Vermelha Portuguesa e da American Jewish Joint Comittee, salvaram cerca de 1000 refugiados do Holocausto. Vindos de Lisboa, eles desembarcaram em Barcelona com missões definidas. Samuel, graduado em economia, contactava e fazia amizade com ministros, embaixadores, consules, chefes de polícia, superintendentes penitenciários e, inclusive directores de hospitais. Em sintonia com as atividades do irmão, Joel exercia o papel de assistente social, actuava nos bastidores, percorrendo com seu carro os postos de fronteira, as prisões, as esquadras de polícia e os campos de prisioneiros onde pudesse encontrar e socorrer fugitivos da perseguição nazi. Contavam com a ajuda de um grupo de voluntários que os auxiliavam em todo o processo com os refugiados.

Entre os anos de 1942 e 1945, os irmãos Sequerra conseguiram salvar aproximadamente 1000 pessoas, entre os quais o Barão de Rothschild, que cruzou os Pirineus com a família, uma travessia que era feita a pé, levava dias e era realizada sob péssimas condições climáticas (frio, vento e neve).