Leandro Quintanilha / EIN GEDI
O Mar Morto é hostil. A água, morninha, é tão salgada que, se entra no olho, bem, serão ao menos dez minutos de agonia. E a areia submersa esconde uma crosta de sal que pode ter protuberâncias cortantes. Por isso, banho de mar, só de chinelos.
Trata-se, contudo, de uma experiência fundamental em uma visita a Israel. O Mar Morto é o principal ponto turístico não religioso do país. E vem encolhendo perceptivelmente: estima-se que já tenha perdido um terço de sua superfície nos últimos 50 anos. Há várias razões para a redução do volume das águas: mineração, irrigação, agricultura...
Ele não vai desaparecer de um dia para o outro (e há especialistas que garantem que isso nunca vá acontecer), mas você pode visitá-lo com a desculpa de se garantir. Afinal, o Mar Morto encolhe um metro por ano.
O nome mórbido se deve ao fato de que não há vida nas águas (o que também é contestado por alguns especialistas). De todo o modo, os peixes arrastados pelas correntes do Rio Jordão morrem imediatamente ao entrar em contato com o mar, dez vezes mais salgado que o habitual.
Essa também é a razão pela qual todos flutuam, sem esforço, ao entrar na água. A brincadeira não pode durar mais do que 15 minutos - corre-se o risco de desidratação. Depois do mergulho, é preciso tirar todo o sal nos chuveiros de água doce espalhados pela orla.
Ainda assim, a composição das águas (ricas em minerais como sódio, magnésio, cálcio e potássio) é considerada benéfica à pele. Por esse motivo, não faltam spas nas imediações.
Na verdade, os propalados efeitos terapêuticos do Mar Morto são um grande negócio em Israel. A marca Dead Sea vende diversos tipos de cosméticos, incluindo lama retirada da região. É possível comprar os produtos nos spas, shoppings e até nas lojas dos aeroportos.
Curiosidades. Orgulho israelense, o Mar Morto, compartilhado com a Jordânia e a Autoridade Palestina, tem cerca de 80 quilômetros de extensão e é o ponto mais baixo da superfície terrestre, 423 metros abaixo do nível do mar.
Além de ponto turístico, a região é também polo agrícola. Isso se deve, em parte, à produção de potássio realizada ali, importante componente para adubo. Só de tamareiras, uma das mais antigas culturas da região, são 250 hectares.
http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,relax-no-hostil-e-irresistivel-mar-morto,755675,0.htm