Dois pesos, duas medidas

Dois pesos, duas medidas

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     "Não carregueis convosco dois pesos, um pesado e o outro leve, nem tenhais à mão duas medidas, uma longa e uma curta. Usai apenas um peso, um peso honesto e franco, e uma medida, uma medida honesta e franca (...)" (Deuteronômio 25-13-16).
    Há duas semanas, três jovens israelenses foram sequestrados quando saiam de suas escolas. Gilad Shaar e Naftali  Frenkel, ambos com 16 anos, e Eyal Ifrach, com 19, podem ser caracterizados por terem cometido dois "crimes": são israelenses e judeus, e pretendiam pegar uma carona para seus respectivos lares. Israel acusa a organização terrorista palestina Hamas de ser a autora do sequestro. No dia 26 de junho, Israel publicou os nomes de Marwan Quasma, 29, e Amar Abu Eisha, 32, como os responsáveis pelo sequestro. O Estado de Israel não poupará esforço algum para trazê-los a juízo.
    Precisamente, no dia 30 de junho, última segunda-feira, os corpos dos três jovens foram encontrados próximos a Halhul, ao norte de Hebron, pelas forças de busca de Israel. Eles foram cruelmente e covardemente assassinados pelo terrorismo palestino.
    Existem "regras do jogo" no confronto entre Estados, povos e diferentes opiniões, assim como também no cruel "jogo" do terrorismo: as crianças, os jovens e as mulheres devem estar fora destes conflitos. Somente atacamos quando somos agredidos, pelo direito de defesa. Ou esse direito vigora para todos os povos e nações, exceto para o Estado de Israel? Mas o terrorismo palestino, bem como as demais visões terroristas e extremas, infringem e ignoram todas as "linhas vermelhas", e exigem que o lado israelense respeite todos os limites. Assim foi no princípio dos anos 2000, quando o terrorismo palestino explodia ônibus, cinemas, restaurantes, centros comerciais no coração de Israel (não em "territórios ocupados".... ), e hoje é assim na Líbia, no Iraque, na Síria e no Líbano. Não há lei, nem juiz, tudo é permitido. Mas a comunidade internacional parece ter dois pesos, duas medidas.
    À luz da complexa história do povo judeu e da sua nefasta experiência ao longo dos últimos dois milênios de diáspora, com perseguição e sofrimento, acredito que preferimos viver numa geração e numa realidade, na qual permanecemos vivos, ainda que  injustamente condenados, segundo esse princípio de dois pesos e duas medidas - e não mortos e lamentados. 
    O Hamas, reconhecido como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Canada, Japão e também pelo Egito, tem uma longa história de ataques terroristas, cujos alvos são civis israelenses. Seu fundamento é uma ideologia religiosa extremista, que não reconhece o direito de existência de Israel, e preconiza a "luta armada" (eufemismo para os atos terroristas) como o único meio de resolver o conflito entre palestinos e israelenses. Seus membros celebram com orgulho os atos terroristas suicidas, os numerosos ataques de mísseis ao sul de Israel (e não nos territórios "ocupados") e outras tantas iniciativas terroristas na região e fora dela, que possuem um denominador comum: alvos civis. Ações condenáveis e moralmente deploráveis, que fizeram mais de 1.000 vítimas inocentes israelenses, ameaçam a estabilidade regional, prejudicam as chances de paz no Oriente Médio e afastam os palestinos de seus objetivos centrais, como a constituição de um Estado Palestino independente, apoiado pela Autoridade Palestina, liderada por Mahmoud Abbas, e aceito pelo governo israelense. 
    Foi com o Hamas que o Presidente da Autoridade Palestina (AP), Abbas, decidiu há algumas semanas, renovar as relações (os dois organismos estavam afastados e tiveram confrontos armados nos últimos anos) e constituir um governo de unidade nacional.  Abbas deve escolher entre a Paz e o Hamas, entre o terrorismo e a violência - como o sequestro e assassinato dos nossos jovens -, e o convívio entre o Estado judeu, Israel, e o futuro Estado Palestino. Estas duas opções são contraditórias. O governo AP-Hamas deve se dissolver se os palestinos anseiam, assim como nós, pela paz, pelo progresso e pelo bem estar do seu povo e da região.
    Abbas tem que escolher, agora. Esperamos que ele, e os palestinos, façam a escolha correta.